Uma agenda de ações de pesquisa alinhada com as demandas estratégicas das cadeias produtivas da caprinocultura e da ovinocultura. Este foi o destaque nos debates da reunião da Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, realizada na sede da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral (CE), nesta quinta-feira (17). Em pauta, além da agenda de P&D da Unidade, projetos e programas com participação da Embrapa voltados para beneficiar o setor produtivo: a Rede de Transferência de Tecnologia e Inovação para a Caprinocultura e Ovinocultura Brasileira (RICO), o Estudo Zoosanitário da Caprinocultura e da Ovinocultura Tropical e a Rota do Cordeiro.
Na apresentação da RICO, o pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos Vinícius Guimarães destacou que o projeto contempla várias ações da Agenda Estratégica 2010-2015 do Ministério para as cadeias de ovinos e caprinos. Entre elas, o mapeamento estatístico das cadeias (com dados de rebanho, produção e mercado), a capacitação de atores de assistência técnica e o estímulo à governança das cadeias. Ele ressaltou o papel do Centro de Inteligência, cuja criação é uma das metas do projeto. “Teremos capacidade de indicar dados sobre rebanhos, preços de leite e carne, onde as tecnologias estão sendo utilizadas”, disse ele.
Para o coordenador da Câmara Setorial, Paulo Márcio Araújo, a RICO terá um potencial de atender à demanda por assistência técnica, extensão e capacitação, que segundo ele é uma das maiores necessidades das cadeias produtivas. “Trata-se de um trabalho fundamental, que pode não dar resultado daqui a seis meses, um ano, mas que a longo prazo dará frutos”, avaliou ele.
A pesquisadora Lauana Barbosa conduziu a apresentação sobre o Estudo Zoosanitário, projeto iniciado em 2009, que está mapeando as principais doenças de pequenos ruminantes em nove estados brasileiros. “A escassez de dados epidemiológicos e o desconhecimento do perfil zoosanitário dos rebanhos brasileiros estava nos privando de tomar certas decisões sobre sanidade animal”, explicou Lauana.
De acordo com a pesquisadora, o Estudo tem encontrado também gargalos, como a baixa capacidade para diagnóstico de doenças em pequenos ruminantes no Brasil, o custo elevado de exames e os casos em que os produtores conhecem as tecnologias para prevenção e combate às enfermidades, mas não as adotam na prática. “Temos que trazer isso à discussão: se os motivos são culturais, falta de mão de obra, ou outros”, frisou ela.
O presidente da Câmara Setorial, Edilson Maia, afirmou que a entidade terá o compromisso de apoiar os esforços na área de sanidade animal. “Todos apoiarão esta demanda”, disse ele. Já o chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos, Evandro Holanda Júnior, propôs a montagem de um grupo de trabalho para avaliar propostas como a instalação de uma rede de laboratórios para diagnóstico, com participação de Estado e iniciativa privada.
O debate sobre as ações da Rota do Cordeiro no Ceará, primeiro estado a implantar o programa, foi conduzido pelo pesquisador Octávio Morais e por Antônio Nunes, da Coordenadoria de Apoio às Cadeias Produtivas da Pecuária da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (DAS) do Estado do Ceará. O Rota do Cordeiro compõe o programa Rotas da Integração, do Ministério da Integração Nacional e propõe a criação de núcleos de inovação tecnológica para ovinocultura de corte em seis estados brasileiros.
Cada núcleo terá ações de melhoramento genético animal, fábrica de ração, centro de produção intensiva de forragens e centro de terminação, que receberá animais de rebanhos de cada região. Segundo Octávio, não há intenção de se trabalhar com raças específicas, mas com os animais já existentes em cada região, já adaptados ao ambiente. O programa pretende aperfeiçoar os modelos de produção, garantindo aos produtores melhores oportunidades de inserção no mercado.
Evandro Holanda ressaltou que a proposta do Rota do Cordeiro tem o desafio de mobilizar parceiros para seu funcionamento. Segundo ele, o fato do convênio do Ministério da Integração se efetivar com as secretarias estaduais se dá pelo fato dessas instituições garantirem programas de compras, assistência técnica, projetos de recursos hídricos. “Há um desafio para a governança local, muito a ser trabalhado pelos agentes públicos e pelo setor produtivo”, afirmou ele.
A reunião da Câmara Setorial contou também com participação de autoridades como o secretário adjunto de Agricultura e Pecuária de Alagoas, José Marinho, que trouxe à Embrapa uma proposta de parceria com o programa estadual Mais Ovinos e a secretária da Agricultura e Pecuária de Sobral, Luiza Barreto. “É importante para Sobral sediar esta reunião, em momento em que se fortalecem as cadeias”, destacou ela, cuja Secretaria está à frente do projeto Cordeiro de Sobral, proposta para beneficiar a ovinocultura de corte em Sobral e municípios próximos, com apoio da Embrapa.
As informações são da Embrapa Caprinos e Ovinos.