Também conhecida como Coccidiose (pois seu agente etiológico pertence à ordem Coccidia) a Eimeriose é uma doença parasitária causada pelo protozoário do gênero Eimeria spp., sendo responsável por grandes perdas econômicas decorrentes do baixo desenvolvimento e até morte (raramente) de ovinos e caprinos.
O fato de alguns antibióticos não funcionarem para o tratamento é porque a Eimeria spp não é uma bactéria, mas sim um protozoário (parasita), o qual exige produtos específicos para combatê-lo. De forma geral, o índice de mortalidade geralmente é baixo. Pode ocorrer, no entanto, elevada incidência de óbitos em animais jovens que não tiveram contato prévio com o agente e que foram repentinamente expostos a altas doses infestantes.
Para aqueles que se recuperam, a absorção de nutrientes é prejudicada, pois o parasita causa espoliação da mucosa intestinal, transformando-a em epitélio queratinizado (deficiente na absorção dos nutrientes).
A infecção é mais comum em animais jovens (criados em regime de estabulação ou em sistemas de pastejo com alta lotação), podendo ser adquirida logo após o nascimento (com menos de 4 semanas de idade) através de 3 fontes possíveis:
– coccídios que resistiram em fezes velhas, oriundas de cordeiros que ocuparam o local anteriormente;
– coccídios recentes, eliminados frequentemente por animais adultos;
– coccídios recentes, eliminados pelos próprios cordeiros.
Caudas sujas e fezes líquidas são sinais de contaminação.
Animais adultos que apresentaram a doença quando jovens desenvolvem imunidade, entretanto, continuam eliminando oocistos (forma infectante da doença), constituindo uma fonte de infecção permanente.
O sistema de produção utilizado na propriedade é o fator que mais influencia as características da doença. Explorações intensivas e semi-intensivas apresentam maior frequência da enfermidade, pois a forma de contaminação é através da ingestão dos oocistos, os quais são eliminados pelas fezes e ficam presentes nas pastagens, água ou cochos de alimentação. Quanto maior a lotação, então, maior será a concentração de oocistos por área.
Sintomas
Os animais acometidos apresentam os seguintes sintomas:
l depressão;
l pelos secos e arrepiados;
l sensibilidade abdominal;
l febre;
l perda de apetite;
l diarreia usualmente fétida e com sangue, a qual permanece por vários dias (pode durar até 2 semanas);
l emagrecimento ou diminuição do potencial de ganho de peso.
O diagnóstico é baseado nos sintomas, os quais podem ser seguramente confirmados pela contagem de oocistos, através do exame parasitológico de fezes (OPG, ou “Ovos Por Grama”).
Prejuízo
Pesquisas na área de nutrição demonstram que cordeiros Santa Inês em confinamento possuem potencial para ganho de peso na faixa de 250 a 300 g/dia. Dois exemplos são os experimentos de Morais et al. (1999) e Susin et al (2000) onde foram conseguidos ganhos de peso de 297 e 268 g/dia, respectivamente.
Outros dois trabalhos com animais de mesma raça e rebanho foram conduzidos por Rocha et al. (2004) e Turino et al. (2007), sendo que, os resultados foram de 227 e 233 g/dia, respectivamente. Os autores de ambos os trabalhos afirmam que o ganho de utilizados nos experimentos provavelmente seriam maiores se não houvesse ocorrido uma infestação por Eimeria sp (controlada através de intensificação da higienização das instalações e administração de droga coccidiostática), pois este parasita danifica a mucosa intestinal, resultando em uma reduzida absorção de nutrientes.
Pesquisa
Para elucidar o impacto da Eimeriose sobre o desempenho animal, os autores realizaram pesquisa com 60 cordeiros da raça Santa Inês, em confinamento, que foram acometidos por Eimeriose nos primeiros 28 dias. Medicados, melhoraram o desempenho no restante da pesquisa, dos 28 a 56 dias. Estes dados são das pesagens intermediárias do trabalho publicado em 2007 (para a publicação não foram utilizados os dados intermediários).
Logo no início do confinamento (período 1) ocorreu um surto de Eimeriose, provavelmente devido à diminuição da resistência imunológica dos animais, devido ao desmame e também pela não-desinfecção das instalações do confinamento. Os animais foram medicados e houve grande controle da higiene das instalações deste ponto (final do período 1) até o encerramento do confinamento. Observa-se que os cordeiros apresentaram ganho de peso 49,27% superior e conversão alimentar 20,19% menor (mais eficiente) no período 2 (situação em que os animais estavam com a doença controlada).
Em termos econômicos pode-se concluir que animais que possuem Eimeriose acarretam prejuízos por aumentarem o custo do ganho de um kg de carne (conversão alimentar mais alta do que animais sadios), além de elevar os custos da propriedade com medicação.
Prevenção
A prevenção é feita por meio da adoção de medidas sanitárias, de manejo e pelo uso preventivo de drogas coccidiotásticas. São indispensáveis a limpeza e desinfecção das instalações, comedouros e bebedouros.
Os animais devem ser separados de acordo com a idade e, sempre que possível, evitar grandes concentrações em pequenas áreas por longos períodos. Comedouros e bebedouros devem ser colocados de maneira a não se contaminarem com as fezes. A remoção de fezes e camas deve ser feita com frequência para reduzir a disponibilidade de oocistos no meio ambiente.
O uso de coccidiostáticos na ração dos animais jovens também constitui boa forma de prevenção da enfermidade na fase mais susceptível dos animais.
Você está fazendo um bom controle da coccidiose em sua propriedade? Para ter certeza de que sua prevenção não tem furos, basta acompanhar o “check-list” do quadro, pensando no manejo sanitário e preventivo da propriedade.
Basta confrontar o sistema de produção com as informações mencionadas e será possível encontrar onde estão as falhas no controle da enfermidade. Para finalizar é importante lembrar que “Desinfecção” e “Higiene” são as palavras-chave para aumento de lucro e minimização dos custos do controle da doença.
Vicente de França Turino, de Piracicaba (SP); H. Costa – de São Paulo (SP).