A regulamentação da produção mineira de derivados provenientes da ovinocaprinocultura, aprovada pelo governo mineiro em 2011, através do projeto de lei “Leite Legal”, trouxe novo fôlego à atividade. Produtores que antes trabalhavam na ilegalidade estão investindo na estruturação e ampliação da atividade. A criação de núcleos regionais e a identificação de indústrias âncoras são ações consideradas fundamentais para dar segurança aos investimentos na atividade.
De acordo com a presidente da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Minas Gerais (Caprileite/Accomig), Aurora Maria Guimarães Gouveia, as expectativas em relação à expansão da atividade são positivas. “Com a regulamentação da produção de derivados ficou mais seguro investir na atividade. Minas Gerais possui grande tradição na criação de caprinos e ovinos e mercado demandador, o que faltava era a regulamentação. Agora que a produção foi legalizada, estamos priorizando a criação de núcleos regionais e parcerias para que os produtores possam investir com segurança, tenham uma indústria para processar e mercado para comercializar os produtos”, diz.
Ainda segundo Aurora, já foram instaladas em Minas Gerais cinco unidades regionais, e deste total quatro serão voltadas para a atividade leiteira e uma para a produção de carne.
O núcleo do Nordeste do Estado, com sede no município de Teófilo Otoni, no Vale do Jequitinhonha, irá direcionar os trabalhos para a produção de carne. No município de Poté, próximo ao núcleo, será construído um frigorífico que, além do abate de bovinos e suínos, também irá abater caprinos e ovinos.
Adaptação – A expectativa de investimento na adaptação das estruturas do frigorífico para o abate dos animais será de R$ 300 mil, e a construção deve ser iniciada em outubro. Atualmente, os produtores que já desenvolvem a atividade destinam os animais para serem abatidos no Rio de Janeiro.
“Vamos buscar junto ao governo do Estado incentivos, como financiamento, para a instalação do frigorífico. O projeto original visava apenas o abate de bovinos e suínos, mas conseguimos firmar parceria para que o abate fosse estendido para os caprinos e ovinos. A medida será fundamental para aumentar a produção na região, uma vez que a atividade já é desenvolvida, possui rebanho apropriado para o corte e ainda existe grande demanda no mercado pela carne”, avalia.
Existe também para a região projeto de instalação de uma usina para processamento do leite em sistema de agricultura familiar. O trabalho será baseado no desenvolvido na Bahia, onde os produtores utilizam as cabras para a subsistência e comercializam o leite excedente. A produção é destinada à merenda escolar, asilos e creches. O objetivo é ampliar a renda dos envolvidos na atividade.
Nos demais núcleos, os trabalhos serão voltados para o processamento do leite. O objetivo é ampliar o número de agroindústrias para gerar segurança e incentivar os aportes por parte dos produtores. As unidades estão instaladas em Florestal, Itabirito, ambas na região Central, e Caxambu, no Sul do Estado. A de São Gotardo, no Alto Paranaíba, será aberta em janeiro de 2013.
Rentável – Para o proprietário do criatório Capril Caprivama e da indústria de processamento Viscon Lácteos, Pedro Paulo Vasconcelos Leite, as expectativas em relação à caprinocultura de leite são excelentes. “Com a instalação dos núcleos, o incentivo à industrialização e o aumento da produção de leite, vamos ganhar escala de produção e garantir o abastecimento. O desenvolvimento da atividade será fundamental para ampliar as opções de marcas disponibilizadas no mercado e, com isso, tornar o produto mais competitivo, o que incentiva o consumo e a geração de renda”, ressalta.
Segundo Vasconcelos, a atividade é rentável e os custos de produção são inferiores aos da atividade bovina. O produtor recebe em média R$ 1,50 por litro de leite e no caso do comércio de queijo o preço médio é de R$ 40 por quilo. De acordo com a Caprileite/Accomig, a produção de leite de cabra em Minas Gerais é crescente e deve triplicar até o final do ano. A média produtiva é de 30 mil litros de leite formal por mês. Atualmente são 2 mil produtores cadastrados no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).
As informações são do Diário do Comércio de Minas Gerais, adaptadas pela Equipe FarmPoint.