O ano de 2012 não foi fácil para os criadores de bodes e carneiros do município de Queimada Nova (PI). A falta de chuva levou muitos agricultores como Espedito José de Souza a vender seu rebanho para conseguir garantir o sustento de sua família, “das 90 ovelhas que tinha, vendi 70 para garantir a alimentação das 20 que deixei ficar”, conta.
Assim como ele, diversos produtores rurais de Queimada Nova viram seu rebanho diminuir por falta de reserva de pastagem. A pequena cidade com cerca de 8 mil habitantes tem sua principal renda da agricultura de grãos como feijão, milho e da criação de caprinos e ovinos. Essa é a realidade da grande maioria dos estados nordestinos que, segundo dados do IBGE, em 2010, possuía 9,3 milhões de cabras e bodes.
Para garantir a produção do município e estabelecer orientação na prevenção da seca com reservas de plantações para o rebanho, agricultores formaram a Associação de Criadores de Caprinos e Ovinos de Queimada Nova, a Caprinova. A associação, liderada por Valter Rodrigues Coelho, foi convidada pela Secretaria de Agricultura e meio ambiente para participar da oficina realizada por integrantes do Projeto Rondon. Foi desenvolvida uma programação especifica para esses moradores rurais que correspondem a 85% da população do município.
Em pleno domingo (20), até 12h30, a quadra da Escola Estadual Padre Teixeira estava lotada de agricultores da Caprinova que viam na conversa com os rondonistas a possibilidade de melhorar a difícil situação enfrentada todo ano quando a chuva para de cair no sertão.
A frente a oficina, estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL) iniciaram com um dos pontos que mais tem preocupado o agricultor Espedito, assim como muitos da associação: a alimentação do rebanho.
A estudante de agronomia da UEL, Tatiane Lobak, levou ao público um dos principais cuidados que para preservação do rebanho: planejamento. Segundo ela, uma medida simples como produção de diferentes culturas de plantação podem amenizar as perdas e garantir o alimento dos animais. A rondonista também destacou que sua apresentação tentou se adequar à realidade local. “Não adianta mostrar um produto que não seja viável para a população, então, tentei apresentar materiais de baixo custo e sem necessidades de grandes equipamentos para fornecer alimento para animais.”
Acostumada a estudar apenas sobre bovino, Tatiane também encontrou um desafio para levar um novo conhecimento para os participantes, por isso, aprofundou os estudos sobre caprinos e ovinos. A alimentação dos caprinos da região é feita por plantas típicas como mandacaru, leucena e algaroba.
Quem participou de toda oficina também acompanhou outros temas como preservação do meio ambiente, construção de fossas sépticas e cuidados com o lixo. Para o presidente da Caprinova, a ação dos rondonistas ajudou muito os agricultores. “Foi uma orientação muito boa por parte do manejo dos animais. É muito gratificante”, avaliou.