O número de ovinos no Estado foi ampliado em 600 mil exemplares desde novembro de 2011, quando o Rio Grande do Sul amargava queda de quase duas décadas no tamanho do rebanho. O dado mais recente divulgado pela Secretaria da Agricultura mostra que atualmente são 4,1 milhões de animais, espalhados por cerca de
50 mil propriedades, a maior parte na Campanha. Há dois anos, esse número era de pouco mais do que 3,5 milhões.
Otimistas, representantes do setor esperam a manutenção do crescimento dos negócios em 2013, mas a maioria não arrisca a falar em cifras. Igualar os resultados do último ano é percebido como algo positivo – e um desafio para a temporada atual de remates.
Considerada termômetro dos negócios, a Feovelha, de Pinheiro Machado, realizada em janeiro, teve no ano passado resultado recorde de R$ 1,54 milhão, com quase 6 mil animais comercializados – 35% acima do registrado em 2012. A feira tradicionalmente registra o maior volume de negócios da temporada no Estado. Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Schwab projeta aumento de até 10% nos negócios para o período de leilões, que segue até março do ano que vem.
Percentual próximo é estimado para o crescimento do rebanho em 2013 – entre 7% e 8%. Nos últimos anos, houve redução na oferta de matrizes nos remates da temporada – um indicativo de que os produtores estão segurando fêmeas nas propriedades com objetivo de aumentar ainda mais o plantel.
– Nas feiras de primavera, o mercado é mais direcionado. Agora vão começar as grandes aquisições – avalia Schwab.
Com o avanço da agricultura em áreas tradicionalmente usadas para criação de animais, a pecuária no Estado se viu desafiada nos últimos anos a produzir melhores resultados. Beneficiada pela demanda em alta e com incentivos do governo, a ovinocultura reconquista criadores.
Preço do quilo reflete procura
O programa Mais Ovinos no Campo, criado em 2011 na tentativa de recuperar a atividade, chega ao final do seu terceiro ano com a aplicação de R$ 68 milhões dos cerca de R$ 100 milhões de crédito disponibilizados para retenção de fêmeas e aquisição de matrizes e reprodutores. De acordo com a Secretaria da
Agricultura, 2.676 contratos foram assinados, o que garantiu o financiamento de 365,3 mil animais.
A atratividade também é reflexo da maior demanda do consumidor por carne ovina, especialmente nos Estados do centro do país.A procura pela carne mantém o valor do produto em alta. Depois de trabalharem com preços entre R$ 4 e R$ 5 o quilo vivo do cordeiro nos últimos anos, alguns produtores estão pedindo – e levando – até R$ 6 pelo quilo vivo, afirma o presidente da Arco. E como o país ainda é dependente do Exterior para suprir a demanda brasileira pela carne (principalmente do Uruguai), a perspectiva é de que o mercado siga aquecido.
– A ovinocultura não vinha sendo tratada realmente como uma atividade econômica. Se for comparar com soja, arroz ou gado, a rentabilidade por hectare é superior. Quando o produtor enxergar a ovinocultura como uma atividade rentável, vai optar mais por ela – defende o coordenador da Câmara Setorial da Ovinocultura, José Galdino Garcia Dias.
Importação de pedigree para melhorar o plantel
A perspectiva de bons negócios com ovinos atrai novos interessados para a atividade e tem reforçado a atuação de criadores tradicionais, como Cláudio Pereira, de Bagé. Nesta temporada de remates, o produtor ofertará 620 animais da raça ideal – 600 fêmeas e 20 reprodutores – durante a 1ª Feira de Cordeiros do Pampa, que ocorre na segunda quinzena de janeiro.
A expectativa é de que os animais da raças de duplo propósito (produzem lã e carne) sejam disputados. A próxima meta do criador é aprimorar a qualidade genética dos 2,4 mil ovinos da raça corriedale. Para tanto, a intenção é importar da Argentina e do Uruguai cerca de cem animais de pedigree.
– O trabalho é intensivo, então tenho de optar por uma raça ou outra.A propriedade não comportava, mas continuo apostando em ovelha. É uma fonte de renda
extraordinária – comenta o criador.