Os criadores de ovinos do sertão do Ceará estão aproveitando o bom preço da carne para investir no rebanho. O estado tem o terceiro maior rebanho de ovinos do país, com pouco mais de dois milhões de cabeças e em torno de 77 mil produtores. A fazenda no município de Umirim é uma grande produtora de leite por causa da genética e, principalmente, graças ao pasto irrigado, uma raridade no sertão do Ceará. Mesmo com a dificuldade para ter pastagem, os proprietários decidiram criar também ovelhas e carneiros para corte e já estão com oito mil cabeças. O incentivo foi o aumento na procura da carne desses animais. “Tudo o que você consegue produzir, está praticamente vendido. O consumo hoje da carne de ovino de qualidade está muito alto”, diz o criador Rafael Carneiro.
De acordo com a associação de criadores do estado, o preço da carne subiu muito nos últimos quatro anos. “O preço da carne de ovino em maio de 2010 era de R$ 7,48. Agora em agosto de 2014, está em R$ 14,65 o quilo abatido. Os restaurantes em Fortaleza têm uma procura muito grande por carne de ovino e caprino e a produção não tem crescido a contento. Por conta disso, a procura tem sido maior do que a oferta e o preço tem aumentado”, diz Amilcar Silveira, presidente da cooperativa.
O Ceará tem o terceiro maior rebanho de ovinos do país, com pouco mais de dois milhões de cabeças. O aumento do preço da carne não fez crescer de forma significativa o número de produtores que hoje está em torno de 77 mil. Mas incentivou os produtores a fazer investimentos na melhoria do plantel.
A fazenda de Rafael Carneiro usa matrizes da raça Santa Inês e reprodutores da raça Dorper no sistema de confinamento. Com o bom momento da atividade foi possível investir em inseminação com sêmen fresco. A fêmea é inseminada logo em seguida à coleta do macho. As matrizes têm até dois partos por ano. Os animais são abatidos com 120 dias e um peso médio de 40 quilos.
Os proprietários estão fazendo um teste com uma nova dieta para diminuir os custos de produção. O método chamado de grão inteiro leva 80% de grãos milho e 20% de ração, que contem soja e minerais. “Até agora avaliado, diminui mais de dez por cento o custo de produção. Outra coisa que a gente observa é que o rendimento de carcaça do animal aumenta pelo menos 5%”, diz o veterinário Péricles Montezuma. A fazenda tem capacidade para aumentar a produção de carne de ovino. No lugar existem sete pivôs instalados, mas quatro estão parados por falta de água para abastecer a irrigação da pastagem que ajuda na alimentação dos animais. “Um fator limitante aqui para a gente é a falta de água. Nós já estamos atravessando o quarto ano consecutivo de baixa pluviosidade. Às vezes, a gente tem até tem que diminuir um pouco o plantel por conta de falta d’água. Com a falta d’água eu não consigo fazer o alimento”, explica Carneiro.
O criador Sérgio Martins também enfrenta dificuldades para ampliar os investimentos na propriedade em Pentecoste. Ele criava ovinos mestiços. Mas, há um ano, ele resolveu comprar 150 matrizes da raça Dorper e um reprodutor. O criador esperava chegar este ano a 500 animais. Só que isso não será possível. O pasto na fazenda é irrigado. Mas do rio que abastece a propriedade, ele não pode usar nem uma gota de água. Por causa da seca, há dois meses, os produtores da região estão proibidos de utilizar a água do rio na irrigação. “Eu tenho água, mas não posso usar. Meu objetivo é fazer um investimento de R$ 2 milhões, até chegar no que eu quero. Eu estou começando e peguei logo esse ano ruim. Então, vou ter que ter paciência e com o tempo eu vou chegando lá”, diz Martins. O rio Curu, que banha a propriedade do criador, está com menos de 3% do volume de água.
As informações são do portal G1