A carne de cordeiro está bem valorizada no mercado, com demanda crescente. A seca que atinge a região Sudeste, no entanto, prejudicou as pastagens e aumentou o custo deprodução dos ovinos. Nesta situação, o manejo e a reserva de alimentos na propriedade são os diferenciais para enfrentar a estiagem sem perder produtividade.
No interior de São Paulo, o capim vaqueiro está resistindo graças ao manejo. Quando houve chuva, foi feita adubação à base de nitrogênio. Com o tempo seco não dá pra adubar, porque não há fixação do nutriente no solo.
Sem a chuva, outro cuidado é importante: não pode ocorrer o super pastejo, quando há excesso de animais no pasto. As ovelhas precisam ser bem distribuídas.
Em uma propriedade de Nazaré Paulista, o capim ainda alimenta boa parte dos animais, mas já apresenta algumas deficiências. As matrizes tiveram que ganhar, uma vez por dia, um reforço com ração rica em proteínas.
– As fêmeas mal alimentadas não manifestam o cio. Portanto, não vão ser cobertas pelo macho. Não sendo cobertas, não vão parir. Não parindo, não tem o principal alimentador financeiro da atividade, que é o animal resultado desse cruzamento. Se ela, por um acaso, gestar, ela vai prenhar muito mal, porque está mal alimentada. Gera uma cadeia de males e de problemas de difícil solução – explica o consultor de ovinocultura, Walter Celani.
A ração das matrizes aumenta o custo de produção de cordeiros. Para o produtor Gerson Ferreira da Silva, que investe na cultura há dois anos, a alta chega a 50%. O pecuarista já percebeu que não pode contar só com o pasto para o sustento dos animais. Uma reserva de 90 toneladas de silagem de milho, produzida em 2012, está pronta para um momento de emergência.
– Eu estou preocupado. Se não chover, eu vou ter que dar ração para todos os animais. Então, a minha preocupação hoje é com o dia de amanhã – comenta Silva.
De acordo com o consultor de ovinocultura, para produzir uma tonelada de silagem o custo hoje fica em torno de R$ 70 a R$ 80, valor próximo ao do capim no pasto devidamente adubado e tratado.
Mercado compensa
Toda preocupação do produtor tem sido recompensada pelo mercado aquecido. É grande a procura pela carne de cordeiro. Silva vende 50 cabeças por mês e quer aumentar a produção. O cordeiro é vendido a R$ 12 o quilo.
– Chega a dar R$ 220, R$ 280 cada animal. Com 120 dias já está pronto para o abate – comemora.