Tabela 2 – Peso vivo ao abate (PA), peso de carcaça quente (PCQ) e fria (PCF), rendimento de carcaça fria (RCF) e verdadeiro (RV) de cordeiros de diferentes raças e cruzamentos.
Observe na tabela acima que há uma grande variação nos pesos e rendimentos de carcaça de cordeiros de diferentes grupos genéticos. Não podemos esquecer que além do grupo genético estão atuando outros fatores sobre o rendimento (peso e idade de abate; tipo de alimentação; castração; entre outros).
É importante salientar que o fato de realizar por si só o cruzamento com raças especializadas para produção de carne, não quer dizer necessariamente um produto melhor. Por isso não se esqueça que para o animal expressar o potencial do cruzamento é necessário um bom manejo sanitário e nutricional, além de um sistema de produção eficiente.
A raça ou base genética é uma importante fonte de variação do peso vivo e do peso de carcaça em ovinos. Portanto, a raça influência os rendimentos de carcaça pois estas duas características são determinantes nos cálculos dos rendimentos . Quando comparamos raças lanadas com deslanadas, as diferenças nos rendimentos podem ser ainda maiores devido ao peso do pelego.
As raças especializadas e selecionadas para a produção de carne, quando recebem aporte nutricional e manejo adequado, normalmente apresentam maiores rendimentos e carcaças bem conformadas e com adequado estado de engorduramento.
Mas afinal qual é a melhor raça para se produzir carne de cordeiro?
A escolha da raça que será criada é um ponto muito importante para o sucesso ou fracasso da produção. Muitas vezes o produtor escolhe a raça pela sua beleza (exterior), propaganda, gosto pessoal, por se impressionar com os preços obtidos em feiras e leilões ou até mesmo por tradição familiar. No entanto, se esta raça escolhida não tiver bem adaptada ao local (clima) e/ou ao sistema de produção utilizado na propriedade ou não for eficiente para produzir o que se deseja obter, o resultado pode ser desastroso!
Ao escolher a raça que será criada é preciso considerar alguns fatores:
– condições ambientais (temperatura, umidade, etc.);
– os objetivos da criação (principal produto a ser comercializado: carne, lã, pele ou leite);
– a disponibilidade e o custo dos recursos genéticos;
– o tipo de sistema de produção que será utilizado;
– qualidade, disponibilidade e tipo de alimento que será utilizado (pasto nativo, pasto cultivado de alto ou baixo valor nutritivo, concentrado, silagem, feno, etc.);
– a disponibilidade de mão-de-obra e terra.
Lembre-se que a resposta do animal (desempenho, rendimento de carcaça, cobertura de gordura, etc.) irá depender das condições oferecidas a ele! As raças de maior aptidão para a produção de carne possuem exigências nutricionais mais elevadas e devem receber alimento em quantidade e qualidade para que expressem o máximo de seu potencial genético!
O uso de cruzamentos para a produção de cordeiros para abate é uma prática que vem sendo cada vez mais utilizada pois o preço de animais puros (matrizes e reprodutores) é muito elevado. Neste caso, normalmente se utiliza o acasalamento de matrizes mestiças (sem raça definida ou provenientes de cruzamentos) com reprodutores de raças especializadas para produção de carne (não há necessidade de ser tatuado e registrado pela associação). A matriz, apesar de ter menor influencia sobre a genética do rebanho (produz menos filho que o carneiro) irá fornecer metade dos genes para os seus filhos (a outra metade vem do pai). Portanto, não adianta o reprodutor ser excelente e de alto padrão genético se a fêmea também não for boa!
Os cruzamentos com raças precoces especializadas para corte têm como principal objetivo à obtenção de cordeiros com peso de abate mais elevado em um menor espaço de tempo (idade de abate), altos rendimentos de carcaça, adequada conformação e deposição de gordura na carcaça. Com isso, normalmente há diminuição do custo de produção, melhor aceitação e valorização do produto e aumento da lucratividade do sistema.