O consumo de carne de cabra e de ovelha, assim como a produção de leite e derivados, tem crescido no Brasil. Neste mercado em ascensão, Minas Gerais ocupa a 10ª posição do ranking de criação de caprinos, com rebanho de 81,3 mil animais. Com grande capacidade de adaptação a climas variados, as espécies atraíram a atenção de criadores e de pesquisadores. Desde 2005, a Embrapa mantém parceria com instituições e criadores de caprinos de leite para melhorar geneticamente animais.
Grande capacidade de adaptação e rentabilidade são alguns dos atrativos da criação de caprinos e ovinos para a produção de leite ou carne em várias regiões brasileiras, segundo investidores (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Esse programa, chamado Capragene, vem ganhando adeptos na Região Sudeste, de acordo com o presidente da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Minas Gerais (Accomig), Rivaldo Nunes. O número de associados da entidade cresceu 30% nos últimos dois anos, assim como a busca por assistência técnica e capacitação, indicativo de que mais derivados do leite de cabra estariam sendo produzidos em Minas e fornecidos aos supermercados.
As raças mais criadas são Saanen, Alpina e Anglonubiana e as principais regiões produtoras do estado de caprinos de leite são a Grande BH, Campos das Vertentes e Zona da Mata. São 19 rebanhos espalhados pelos estados do Sudeste, reunindo aproximadamente 20 mil animais. De acordo com Rivaldo Nunes, a criação de caprinos e ovinos para corte e de dupla aptidão (carne e leite) está mais concentrada no Norte e Nordeste de Minas, enquanto a Zona da Mata e Região Metropolitana de Belo Horizonte respondem por maior quantidade de produção leiteira.
Os cordeiros abatidos em Minas são vendidos para mercados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santos. A escassez de indústria de processamento da carne em Minas, problema que deverá ser sanado com a inauguração de uma unidade deverá entrar em atividade a partir de janeiro de 2018, ainda é o maior gargalo encontrado pelos produtores e criadores.
Os empresários Maria Pia Mattos de Paiva e Frederico Guimarães contrataram especialistas de vários segmentos para montar sistema de confinamento (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press).
A empresária Maria Pia Sousa Lima Mattos de Paiva, da Piallet Queijos Finos de Cabra, da Fazenda Santa Rita, em Florestal, trabalha com o sistema de confinamento. Ela ressalta que, independentemente do módulo adotado pelo criador, é importante garantir o bem-estar dos trabalhadores na fazenda e dos animais, o que considera ideal para que o processo seja economicamente viável.
Para inciar seu negócio, ela contratou arquiteto, engenheiros eletricista e civil e veterinário com experiência em sistemas de bovino confinado. “Planejamos os galpões de forma que os animais fiquem no chão, com forragem e recebam a luz da manhã e da tarde, o que ajuda a secar as camas e o processo de aeração”.
A Fazenda Santa Rita tem galpões separados para lactação e ordenha, reprodução, crescimento, bodário e de estoque e laticínios. São 200 cabras e seis reprodutores. O gerente da fazenda, Luís Aparecido de Oliveira, conta que cada cabra produz, em média, entre 3 e 5 litros de leite por dia. Para um quilo de queijo são necessários sete litros. Na Santa Rita são produzidos 100 quilos de queijo semanais, vendidos para BH, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Inovação nas fazendas
Cada animal consome, por dia, em torno de 1,6 quilo de ração concentrada – milho, soja, polpa cítrica, caroço de algodão e sais minerais e vitaminas – e de silagem de milho e feno. Por essas e outras razões, o investimento nesse segmento é alto. Portanto, o interessado em investir no ramo deve estudar muito as condições do terreno, as possibilidades de assistência técnica próxima que possam atender ao produtor, a demanda do consumidor e sempre inovar e buscar um diferencial, recomenda Edson da Costa Cardoso, da Capril Rancho das Vertentes, em Barbacena. A empresa produz queijos premiados em feiras internacionais e nacionais, promove oficinas para interessados em usar os produtos e cria parte dos animais para charcutaria (defumados e salames).
A recomendação dos empresários a quem tiver interesse no segmento é procurar a Accomig/Caprileite, que avaliará a viabilidade do negócio e prestará assistência técnica. A entidade trabalha em parceria com instituições ligadas ao setor agropecuário, como a Emater, o Instituto Mineiro de Agricultura (IMA), universidades, Empraba, Epamig e o Instituto Cândido Torres. “Trabalhamos de forma integrada no sentido de viabilizar toda a cadeia produtiva de caprinos e ovinos”, explica o presidente da Accomig, Rivaldo Nunes.
Capragene
O programa da Embrapa oferece estimativas dos valores genéticos dos animais e orienta no processo de seleção e melhoramento genético dos rebanhos. O sistema de gerenciamento pode ser acessado pela internet, por meio de um software em rede que permite o registro, o armazenamento e o gerenciamento das informações geradas em rebanhos de caprinos e ovinos.
Outra vantagem, segundo a empresa, é a disponibilização de informações sobre os reprodutores testados no Brasil, garantindo, portanto, maior segurança na aquisição de sêmen ou reprodutor e redução dos riscos sanitários e dos custos de importação de animais. O Capragene libera ainda informações de reprodutores e matrizes superiores por meio de Sumário de Avaliação Genética. Com essas ferramentas, os criadores têm conseguido aumentar o valor agregado dos animais.
As informações são do Estado de Minas.