Soro de leite de vaca pode ser usado na terminação de cordeiros

O soro do leite de vaca é uma alternativa eficaz, e mais barata, para alimentação dos rebanhos de ovinos no Ceará. É o que comprova o trabalho que pesquisadores da Embrapa Caprinos e Ovinos têm feito na região de Morada Nova, distante 167 km de Fortaleza.

De acordo com a pesquisadora Luciana Shiotsuki, o soro é um subproduto rico em proteína, muitas vezes descartado pela indústria leiteira, mas a sua utilização na dieta dos cordeiros pode reduzir os custos de produção. “Esta proteína é fornecida para equinos, suínos e bovinos de leite mas poucos a utilizam para alimentação de ovinos”, explica.

A inclusão de soro na dieta dos cordeiros participantes do 7º Teste de Desempenho de Ovinos Morada Nova, proposta pelo pesquisador Marcos Cláudio Pinheiro, tem demonstrado excelentes resultados que serão apresentados no encerramento do evento, entre os dias 28 a 30 de janeiro. Na ocasião, os pesquisadores vão comparar os benefícios de se utilizar uma dieta à base de ração de milho, sorgo, ureia e feno de capim tifton – considerada cara para a região Nordeste – e os ganhos obtidos com a utilização do soro do leite de vaca.

Outro diferencial desse 7º Teste em relação aos anteriores é a realização do exame andrológico através da coleta de sêmen dos cordeiros. Ao final do teste, além do certificado avaliando o potencial de crescimento, o animal será certificado pelo seu potencial como reprodutor. Este ano, além de criadores da região de Morada Nova, participam do Teste de Desempenho, que teve duração de 100 dias, criadores do baixo Jaguaribe, Sobral, Icó e Crato. Os 15 primeiros dias foram dedicados para adaptação dos animais, o restante do período foi a prova efetiva, em que os animais foram pesados a cada 15 dias. Os cordeiros foram confinados em quatro baias contendo de 7 a 8 animais, onde receberam alimentação três vezes ao dia, de acordo com o peso do lote.

Patrimônio municipal

Os animais da raça Morada Nova são Patrimônio Cultural, Histórico e Genético da cidade de Morada Nova – CE, instituído por meio da Lei Municipal Nº 1.597, e existe um pedido para que sejam considerados também patrimônio histórico cultural do Ceará.

Os ovinos Morada Nova foram primeiramente encontrados naquela região e apresentam características importantes como a rusticidade (adaptados, portanto, à região semiárida), excelente qualidade do couro e alta prolificidade (apresentam maior número de cordeiros por parto). Em virtude da inserção de outras raças exóticas no país, os ovinos Morada Nova chegaram perto de serem extintos.

Atendendo a uma demanda dos criadores e visando à preservação genética, a Embrapa Caprinos e Ovinos iniciou um projeto para recuperação da raça, em 2007. Uma das ações é o trabalho de melhoramento genético participativo com os criadores da região, que envolve o teste de desempenho, realizado anualmente.

As informações são da Embrapa Caprinos e Ovinos

Cuidados com cordeiros para garantir boa produtividade.

Além de cuidados com fêmeas gestantes, é preciso também tomar algumas medidas depois do nascimento de cordeiros. Essas medidas podem garantir a boa produtividade e evitar prejuízos no bolso do produtor. Segundo Carla Fabrícia Cordeiro, professora de Zootecnia do Instituto Federal de Alagoas IFAL, o manejo de cordeiros se inicia antes do nascimento. Ela diz que é preciso ter um cuidado com a mãe para que o cordeiro tenha boa formação e nasça com um peso ideal. Isso porque os cordeiros que nascem leves são desmamados também mais leves e terminados mais leves, o que traz prejuízos econômicos.

Os cordeiros, ao nascerem, precisam de alguns cuidados, como a desobstrução das vias respiratórias e massagem pulmonar para ativar a respiração. Também é preciso abrigá-los do frio, da chuva e da corrente de vento, evitando a pneumonia, além de oferecer o colostro, ou seja, direcionar os animais diretamente ao peito das fêmeas — afirma Carla.

Nesse caso, de acordo com ela, há a passagem de forma passiva de anticorpos de mãe para filho, fazendo com que o filhote não fique com a imunidade suprimida. Ela explica que isso é muito importante para que ele comece a desenvolver as defesas do organismo.

Existem ainda vários outros cuidados, como higienização da instalação e verificação da habilidade materna das mães, período que transcorre até o desmame. O desmame está diretamente relacionado com a produção, pois influencia bastante nos níveis de produção, e pode acontecer de duas formas. Existe o desmame precoce, que acontece entre 21 e 45 dias de idade, o semi precoce, que é bastante empregado e acontece de 60 a 100 dias de vida do cordeiro, e o desmame tardio, que acontece em criações extensivas, onde os animais ficam permanentemente soltos. Esse desmame acontece entre 100 e 150 dias de idade — diz a professora.

O desmame precoce, como afirma Carla, é adotado hoje em função de várias vantagens. Ela conta que, com esse tipo de desmame, esgota-se menos a fêmea, pois ela consegue atingir o escore de produção corporal mais rapidamente, atingindo a condição ideal para reprodução antes do tempo.

Com o desmame precoce, diminui-se também os índices de verminoses, pois as fêmeas lactantes são mais sensíveis a esses problemas. Já em relação à produtividade, se os cordeiros nascem 10% menos pesados, quer dizer que teremos uma terminação com 10% menos carcaça — diz.

Carla conta que, entre os principais erros cometidos pelos produtores, está a falta de hábito de criar um cocho privativo para os cordeiros. Esse cocho é responsável por fazer com que eles se desapeguem aos poucos da mãe, comecem a abandonar o hábito da amamentação e passem a ingerir alimentos. O desmame precoce, de acordo com ela, irá beneficiar o ganho de peso.

Para mais informações, basta entrar em contato com o IFAL através do número (82) 2126-7000.