A produção de alimentos saudáveis e livres de resíduos é uma demanda atual da
sociedade. O consumidor deseja alimentos de qualidade, a preço justo, saudáveis
do ponto de vista sanitário, isentos de resíduos químicos e biológicos
(antibióticos, vermífugos, hormônios, príons, etc.) e produzidos com menor uso
de insumos artificiais. Além do que existe a preocupação atual com a preservação
do meio ambiente e a biodiversidade, com a geração de empregos no campo,
diminuindo o êxodo rural, assim como, com o bem-estar animal.
Nesta
vertente destaca-se a pecuária orgânica, na qual preconiza-se fundamentalmente o
uso de práticas que minimizem ou evitem tratamentos químicos e hormonais, além
de sua grande preocupação com o bem-estar animal. O sistema de produção orgânico
está, de forma geral, voltado para o impedimento e eliminação do uso de
agrotóxicos e hormônios sintéticos que favoreçam o crescimento do animal de
forma não natural.
A produção animal sob o sistema orgânico certificado ainda é pouco difundida no
Brasil, mas já existem criações, embora em pequena escala. Substituir a produção
convencional pela produção orgânica parece pouco provável, restando uma análise
criteriosa dos pontos fortes e fracos do sistema convencional e encontrar
objetivos comuns entre os dois conceitos (convencional e orgânica).
O
emprego de hormônios reprodutivos tem permitido um favorável e eficiente
controle da reprodução dos rebanhos nos sistemas convencionais. A grande
maioria das técnicas de sincronização do estro utilizam hormônios exógenos,
entretanto vale ressaltar, que não há nenhum prejuízo a produção de alimentos
saudáveis. Os hormônios reprodutivos empregados apresentam metabolização rápida
e trata-se de princípios encontrados fisiologicamente nos animais, além de não
serem registrados resíduos nos alimentos (carne e leite) posterior ao seu uso.
As inúmeras vantagens relacionadas a sincronização do estro aos sistemas
produtivos, com já relatado no artigo “Sincronização do estro”, justificam o
fato do emprego desta biotécnica não ser dispensado na pecuária orgânica. No
desafio de manipular os eventos reprodutivos sem o uso de hormônios, destaca-se
as chamadas alternativas naturais de sincronização do estro, quando se destaca o
efeito macho.
O método possui eficiência confirmada na indução e
sincronização do estro. Trata-se de uma prática de controle reprodutivo
desenvolvida há vários anos e que tem conquistado grande destaque por seu
potencial em seguir o fenômeno “limpo, verde e ético”, além de seu reduzido
custo de implantação.
O processo é realizado pelo contato das fêmeas com
os machos após um período determinado de separação, em geral, 60 dias. Os sexos
devem ser mantidos durante este período sem contato auditivo, visual e olfativo
direto ou indireto. Com a reintrodução abrupta dos reprodutores no rebanho de
fêmeas haverá estímulos endócrinos e comportamentais fisiológicos, induzindo a
ciclicidade e/ou sincronização do estro.
O primeiro ciclo estral
seguinte a reintrodução dos machos, em geral, é de curta duração ou apresentam
ovulação sem prévia manifestação dos sinais de estro. Recomenda-se, portanto, a
cobertura ou inseminação após 10-20 dias do retorno do contato com os machos.
Contudo, o método efeito macho pode ser usados para avançar ou antecipar
a estação reprodutiva, tornar a puberdade mais precoce, ou simplesmente fornecer
a sincronização do estro. Ademais, devido seu baixo custo e por não fazer uso de
hormônios, apresenta-se como uma alternativa eficaz para a reprodução dos
rebanhos, especialmente dos sistemas de produção orgânica.
fonte: farmapoint