Estoque global de cereais será o maior em 15 anos, prevê FAO

O crescimento mais acelerado da produção do que do consumo global de cereais deve levar a um estoque de 628,4 milhões de toneladas ao fim da atual temporada 2014/15, o maior volume desde o ano 2000, indicou relatório divulgado ontem pela FAO, braço da Organização das Nações Unidas para agricultura e alimentação.

A entidade confirmou a previsão de novo recorde na colheita mundial de cereais em 2014/15, com um total de 2,532 bilhões de toneladas, alta de 10 milhões de toneladas em relação ao previsto em novembro e de 7 milhões ante o ciclo passado. O consumo, por outro lado, deve somar 2,464 bilhões de toneladas no ciclo que se encerrará em 31 de agosto de 2015, apoiado principalmente na demanda da pecuária por ração. Com isso, a relação estoque-uso deve passar a 25,2%, 1,7 ponto percentual acima de 2013/14 e o maior patamar em 13 anos.

A FAO justificou a perspectiva do recorde de produção em função das colheitas abundantes na Europa e da safra recorde de milho nos EUA – que deve totalizar 366 milhões de toneladas, 3,5% acima de 2013, o recorde anterior. Na categoria de grãos forrageiros, em que o milho representa quase 80% do total, a expectativa é de uma produção global de 1,311 bilhão de toneladas em 2014/15, seguida por trigo (724,9 milhões) e arroz (495,6 milhões). Para a América do Sul, a estimativa é de uma produção de 181,4 milhões de toneladas de cereais, 0,1% acima de 2013. Desse total, 100,9 milhões de toneladas devem vir do Brasil.

O comércio mundial de cereais, por sua vez, tende a recuar 17,7 milhões de toneladas na atual temporada, na comparação com a passada, para 338,5 milhões de toneladas. As vendas de grãos forrageiros tendem a cair 6,8%, a 148 milhões de toneladas. Já a expectativa para a comercialização global de trigo é de 150 milhões de toneladas, queda de 4,6%, com importações menores de Brasil, México, China e países do norte da África. Para o arroz, a FAO estima um volume de 40,5 milhões, recuo de 0,74%.

O relatório da FAO também alerta que a insegurança alimentar está piorando em alguns países devido a conflitos civis, condições climáticas adversas e ao surto de ebola. Nas contas da entidade, 38 países estão em risco de insegurança alimentar (incluindo 29 na África), três países a mais que o registrado em outubro.

O surto de ebola desencadeou “um dos maiores choques nos setores agrícola e alimentar do Oeste da África”, disse a FAO, tendo em vista que o vírus começou a se espalhar quando as lavouras estavam sendo plantadas e se expandiu ao longo do ciclo de cultivo, especialmente na Guiné, Libéria e em Serra Leoa. O problema provocou elevações nos preços de importantes alimentos na região, caso do arroz e da mandioca, lembrou a organização.

A notícia é do Jornal Valor Econômico.

FAO: previsões para o mercado de carne ovina

Lutando com altos preços dos alimentos animais e com a estagnação do consumo, a produção global de carnes em 2012 deverá crescer menos de 2%, para 302 milhões de toneladas. À medida que a queda na lucratividade da indústria tem se traduzido em modestos ganhos de produção nos países desenvolvidos, a maioria da expansão mundial deverá ocorrer nos países em desenvolvimento, que agora são responsáveis por 60% da produção mundial. Acredita-se que todo o crescimento do setor em 2012 deverá vir dos setores de carne de frango e suína e que os ganhos nas produções de carne ovina e bovina devem ser modestos.

As preocupações sobre a lucratividade do setor de carnes têm sido geradas pelo enfraquecimento do crescimento dos mercados de exportação, com a expansão do comércio desacelerando para 2% a 8% em 2011. As exportações globais de carne deverão aumentar no futuro próximo principalmente sustentadas por maiores fluxos de carne de frango e suína e com grande parte da expansão de mercado sendo capturada nos países em desenvolvimento, em particular Brasil e Índia.

O aumento dos preços dos alimentos animais e a desaceleração do crescimento da produção de carne impulsionaram os preços internacionais da carne no final de 2012, para níveis próximos ao pico registrado em 2011. De acordo com isso, o índice de preços da carne da FAO, que aumentou 5% desde julho de 2012, ficou em média 174 pontos entre janeiro e outubro, que se compara a 176 no mesmo período do ano anterior. A maioria do aumento recente no índice de preços de carne reflete ganhos nos preços da carne de frango e suína, que aumentaram 9% e 12%, respectivamente, desde julho.

Os mercados de carne ovina e caprina se manterão estáveis, à medida que as maiores ofertas estimularão um declínio nos preços. Os mercados de carne ovina se recuperaram com relação ao declínio de dois anos, com a produção global devendo aumentar 1%, para 13,9 milhões de toneladas em 2012. As condições satisfatórias de pastagens induziram uma reconstrução do rebanho ovino em muitos dos países que são importantes produtores da Ásia e da África, incluindo importantes produtores como Paquistão, Irã, Índia e Turquia.

Na África, a produção em 2012 foi afetada pela seca, especialmente no Chifre da África e no Sahel no Oeste da África; entretanto, recentes regenerações de pastagens foram observadas nos últimos meses, levando à previsão de recuperação nos números de animais em 2013. Na África Central, os recorrentes surtos de pestes de ruminantes estão dizimando rebanhos ovinos e caprinos, gerando uma ameaça crítica a esses rebanhos regionais. A Síria é um dos maiores produtores do Oriente Médio e as disputas extremistas poderão levar à redução na produção. Ao mesmo tempo, a produção de carne ovina em países desenvolvidos, que representam quase 22% das ofertas globais, deverá aumentar levemente, com menor produção na Europa e na América do Norte compensada por um aumento de 4% na Austrália e na Nova Zelândia, que se beneficiaram de condições favoráveis de pastagens e altas safras de cordeiros.

A reconstrução dos rebanhos ovinos resultaram em mais animais e maior disponibilidade de carne ovina para exportação. Uma recuperação nas ofertas globais, combinado com maiores envios à China e forte demanda em muitos mercados do Oriente Médio, estão apoiando um aumento de 2% no comércio de carne ovina e caprina em 2012, para 757.000 toneladas. Apesar de certa reconstrução no rebanho ovino e da forte moeda, as exportações de carne de cordeiro da Nova Zelândia deverão aumentar 3%,. As exportações australianas estão se recuperando das ofertas reduzidas pela seca de três anos. Embora as importações pela União Europeia (UE), Estados Unidos e Canadá estejam caindo como resultado da menor demanda, as importações por países do Oriente Médio, em particular, Kuwait e Arábia Saudita, deverão manter aumentos, apesar do comércio sustentado de ovinos e caprinos vivos da Etiópia, do Sudão e da Somália.

As informações são da FAO, adaptadas pela Equipe FarmPoint.

VOTAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL É ADIADA

O relator do Código Florestal (PL 1876/99), deputado Paulo Piau (PMDB-MG), pediu mais tempo ao presidente da Câmara, Marco Maia, e a votação do projeto ficou para a próxima terça-feira (13). Maia tinha anunciado a pretensão de votar o texto ainda nesta semana, mas o pedido do relator e dos líderes partidários transferiu a votação. Nesta quarta-feira (7), os líderes da base vão se reunir com Piau para discutir o relatório que ele deve apresentar.

A Câmara discute as mudanças aprovadas pelo Senado no ano passado com base em um texto votado pela Câmara. Nesta segunda votação, os deputados não podem mais fazer mudanças de mérito, apenas decidir qual texto vai prevalecer – se o aprovado pelo Senado ou o da Câmara. Também é possível retirar pontos da proposta.

Regras para cidades

Para o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), os principais problemas a serem discutidos na reunião da base são as regras criadas para as cidades, principalmente as áreas de expansão dos municípios. Também não haveria acordo sobre a parte inicial do texto, que trata de princípios. “Há deputados que acham não ser adequado o código trazer princípios que não poderão ser reproduzidos em lei e ficarão vagando e criando dificuldades de interpretação”, explicou.

Ele negou que haja divergência no tema das florestas, como áreas de proteção em margens de rio e nascentes. “Existe uma grande unidade na Casa sobre o fundamental da votação do Senado, então não há risco de enfrentamentos exagerados”, opinou.

Áreas de proteção

Ainda assim, a definição das áreas de proteção ainda causa polêmica, principalmente entre os ambientalistas. O líder do PV e futuro presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, deputado Sarney Filho (MA), disse que o projeto vai anistiar desmatadores, condenar de vez a Mata Atlântica e favorecer o grande latifundiário. “Esse projeto não compatibiliza desenvolvimento com a questão socioambiental”, avaliou.

O deputado reconheceu que o partido está numa situação difícil e pode até mesmo optar por não participar da votação e ler um manifesto contra a proposta. “Estamos ainda em processo de discussão para saber o que vamos fazer, porque votar a favor do que veio do Senado, embora a Casa tenha amenizado alguns absurdos que saíram da Câmara, não resolve o problema. E, se votarmos contra, é o mesmo que votar a favor do pior retrocesso, que foi o que saiu da Câmara.”

Para o líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), se os líderes continuarem conversando, é possível votar a proposta já na semana que vem. “Mas não defendemos o açodamento na votação. Uma proposta que está em tramitação há tanto tempo no Congresso só pode ser aprovada se estiver perfeita”, argumentou.

fonte: Farmpoint