Vários programas de incentivo a ovinocultura tem sido criados pelo País, mas um em especial vem chamando a atenção por seu propósito de aumento de rebanho.
O programa Mais Ovinos no Campo, do Rio Grande do Sul, chega ao seu segundo aniversário com um saldo positivo. O rebanho gaúcho contou com incremento de quase 300 mil cabeças, a natalidade também aumentou de uma média de 700 mil cordeiros ao ano para 940 mil.
Os incentivos do programa para os produtores que optassem por manter matrizes no campo são apontados como principais motivadores para esse incremento. A natalidade aumentou pelo fato de as matrizes terem sido mantidas a campo. A taxa de abate de fêmeas, que há dois anos era 82% maior do que a de machos caiu para 19% em 2011 e fechou 2012 bem abaixo.
A linha de credito disponibilizada para retenção de matrizes variam na taxa de 5,75% ao ano aos produtores empresariais e 2% ao ano aos produtores familiares. Para aquisição de matrizes e reprodutores as taxas são de 1% a 2% ao ano para produtores enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), de acordo com o valor tomado (até R$ 10 mil; R$ 20 mil e R$ 50 mil, respectivamente), 5% ao ano para produtores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e 5,5% ao ano para os demais produtores.
Os reflexos desses números são vistos a campo e também nas feiras e leilões por todo o Estado. Vem demonstrando também uma ascensão da ovinocultura, resultado do mercado aquecido, o que tem levado a uma retomada do rebanho, com novos criadores ingressando na atividade pelas boas oportunidades de negócios.
Em Goiás não temos programa de incentivo deste porte rodando no Estado, mas os profissionais do corpo técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) com seus cursos teóricos e práticos vêm de maneira heroica levando tecnificação e conhecimento da ovinocultura para os quatro cantos do estado.
Para finalizar, insiro aqui dois gráficos que demonstram a atual presença do rebanho ovino nacional no mercado interno e a falta que as fêmeas abatidas, por anos, estão fazendo.
O volume de abates sob inspeção federal em 2013 alcançou apenas 60,2% da escala registrada no primeiro semestre de 2012.
Por sua vez, o volume das importações apresentou uma alta bastante significativa. Com relação à 2012, as importações de produtos cárneos ovinos cresceram 74,5% e tiveram como origem o Uruguai, Chile, Argentina, Nova Zelândia e Austrália.
Até quando vamos nos contentar em ser o produtor de ovinos do futuro…
André Rocha, médico-veterinário,especialista em biotecnologia da reprodução (TE e IA) associado ao Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA), inspetor técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco) e membro do colegiado de jurados da raça Santa Inês